Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a incontinência urinária afeta em todo o mundo mais de 200 milhões de pessoas sendo por isso considerada como um problema de saúde pública. (OMS, 2007)
A International Continence Society define incontinência urinária como “a queixa de qualquer perda involuntária de urina”. São conhecidos três tipos de incontinência urinária: Incontinência Urinária de Esforço – caracterizada pela perda de urina quando há aumento da pressão intra-abdominal –; Incontinência Urinária de Urgência – caracterizada por perda involuntária de urina associada ao forte desejo de urinar, podendo estar ou não a bexiga cheia –; e Incontinência Urinária Mista – caracterizada pela perda de urina associada a situações que provoquem o aumento da pressão intra-abdominal e à urgência urinária. (Abram et al., 2010; Bo, 2004)
Segundo Mascarenhas (2011), a incontinência urinária é um problema que afeta predominantemente o género feminino entre 5-69%. A prevalência da incontinência urinária em mulheres jovens é de 26.5% e com o avanço da idade verifica-se um aumento do risco de surgimento de perdas urinárias para 41%. (Goode et al., 2008; Minassian et al., 2003; Peyrat et al., 2002)
A etnia também traz diferenças na prevalência da incontinência urinária, sendo que as mulheres brancas e hispânicas têm uma maior probabilidade de ter perdas do que as mulheres negras. A incontinência urinária de esforço é mais frequente em mulheres brancas e a incontinência urinária de urgência é mais frequente em mulheres de etnia negra. (Leroy et al., 2012)
Muitas mulheres assumem as perdas de urina como uma condição normal ou mesmo inevitável, que vai agravando com o avançar da idade, tendo como consequência a diminuição da qualidade de vida. Por isso, acabam por se adaptar a este constrangimento, através da utilização de pensos absorventes, sem procurar outras soluções. (Abitteboul et al., 2015; Fozzatti et al., 2012; Jácome et al., 2011; Pereira et al., 2017; Thyssen et al., 2002)
A qualidade de vida das mulheres que têm perdas urinárias diminui, o que pode influenciar negativamente a sua autoestima, e levar a que estas mulheres tenham um menor envolvimento em atividades sociais e desportivas por se sentirem constrangidas com este problema. (Haylen et al., 2010; Lourenco et al., 2018)
A evidência refere que a incontinência urinária pode ter etiologia multifatorial, afetando principalmente mulheres idosas, na menopausa e multíparas, mas alguns estudos enunciam que existe uma elevada prevalência de incontinência urinária de esforço entre mulheres atletas. (Bo et al., 2015; Danforth et al., 2006)
nos homens, este é um problema idêntico, apesar de ser menos frequente do que nas mulheres, é mais comum o seu surgimento a partir dos 45/50 anos, com aumento da probabilidade após os 70 anos. A Associação Portuguesa de Urologia estima que 16% dos homens com mais de 40 anos apresentem perdas de urina. (Macdonald et al, 2007)
Este problema afeta negativamente a qualidade de vida dos homens, pois se as mulheres já estavam habituadas a usar pensos absorventes aquando o aparecimento da menstruação, os homens nunca usaram pensos antes do surgimento das perdas de urina. Isto leva a que a autoestima dos homens seja fortemente abalada, estes começam a restringir a sua vida social para que as outras pessoas não percebam o que se está a passar. (Zhang et al, 2007; Liatsikos et al, 2008)
Tal como nas mulheres, os homens apresentam etiologia multifatorial para o surgimento da incontinência urinária o avançar na idade, infeções urinárias, alterações cognitivas, neurológicas e/ou funcionais. O homem pode apresentar, após cirurgia ao trato pélvico, perdas de urina, sendo muito comum por exemplo o seu surgimento após cirurgias à Próstata. (Lima et al, 2013)
O tratamento conservador da incontinência urinária é recomendado em primeira linha, por este não implicar intervenções cirúrgicas ou farmacológicas, e por ser um tratamento simples, seguro e com um baixo risco de efeitos colaterais. A Fisioterapia tem um papel muito importante na reabilitação e no fortalecimento da musculatura do pavimento pélvico para a promoção e prevenção da continência urinária, reduzindo as sequelas que podem advir desta condição. (Mascarenhas, 2011)
O protocolo de Fisioterapia do treino dos músculos do pavimento pélvico, é um tratamento conservador, sem efeitos adversos e que permite melhorar a sintomatologia, através da reabitação do pavimento pélvico e fortalecimento dos seus músculos. (Price et al., 2010). Este protocolo esta classificado, segundo Abrams et al. (2010) e Thuroff et al. (2011), com grau A – o mais elevado a nível de evidência.
Cuide de si e dos seus! Fique em segurança!